É perceptível que, atualmente, boa parte dos estudantes que ingressam nos cursos superiores de gastronomia (sejam eles tecnológicos ou bacharelados) almeja o posto de Chef de cozinha. É louvável que hoje tenhamos vários aspirantes a uma profissão que até pouco tempo atrás era extremamente desvalorizada e relegada ao ostracismo, porém, o meu questionamento a respeito deste tema é: “Nosso país está preparado para absorver todos esses pretensos chefs”?
Acredito ser nossa função, como profissionais de gastronomia, abrir os horizontes dos nossos alunos para o leque de possibilidades que o mercado gastronômico nos oferece, além da carência e necessidade de profissionais qualificados que possuímos em alguns setores específicos do ramo.
É evidente, que a partir do momento em que nos comprometemos na formação profissional de estudantes de gastronomia, devemos ter a missão de embasar solidamente a cultura das técnicas e habilidades dentro de um ambiente de cozinha, porém, isto não pode ser prerrogativa para que este seja o nosso único e específico foco, pois se enveredarmos por este caminho estaremos fadados a nos tornar cursos de culinária (sem qualquer desdenho ou menosprezo ao mesmo) e estaremos fugindo de nossos ideais gastronômicos. O nosso objetivo (gastronomicamente falando) é de ir além do ato de cozinhar. Visamos estabelecer parâmetros científicos e culturais para o ato de cozinhar e não somente fazê-lo de maneira empírica e repetitiva.
É fundamental o conhecimento e estímulo de nossos alunos para com as vertentes gastronômicas existentes atualmente, pois só dessa maneira podemos tornar o mercado mais sólido e equalizado, tendo maior possibilidade de oferecer uma maior propagação da qualidade no ensino e na formação de novos profissionais.
A gastronomia ainda engatinha em busca de uma afirmação no mercado profissional brasileiro e temos que ter cuidado para que não estejamos provocando uma saturação nas nossas cozinhas (tendo em vista a posição de Chef de cozinha) e suplantando áreas de suma importância para o cenário gastronômico, como as áreas de consultoria, gestão, panificação, confeitaria, docência e tantas outras.